sábado, 19 de fevereiro de 2011

Marisa e o peixe.

Marisa se apaixonou por um peixe. Um peixe dourado, um peixe da cor do mel. Foi um peixe que viu na imaginação. Do seu coração fez um barco, e a sua busca iniciou.
Encontrou-o, no entanto, por trás de uma vitrine, em um aquário. Foi sem querer. Não teve dúvidas ao levar o aquário para casa. Admirava o brilho âmbar do peixe a nadar.
-Esse é um peixe sensível - pensou Marisa - tenho que ter cuidado ao trocar a água...
Antes fosse um gato, que ela pudesse afagar o pêlo.
Ainda sem tocá-lo, pensava ouvir a voz do peixe. Mesmo distante, mesmo contando com escassos encontros, o amor, a ternura, a fazia sonhar e a fazia feliz.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

note

Wouldn't it be better if you weren't so bad tempered and I such a fragilized woman? Or is it the contrary? I can't say. Are you a beast that lives inside me, or are you ready to rescue me?
Wherever you are, please recognize my smile, because I recognize your eyes.

Marisa, a parede, o Emanuel.

Meu nome é Marisa e eu tenho essa parede. Acontece que onde todo mundo vê uma pessoa, eu sei que só tem fragmentos. A parede em frente a mim me pede uma resposta. Preciso saber o que fazer com ela, mas esqueci como é que se pinta. Eu esqueci e também não quero mais pintar nada.
Eu entristeci. Não sei o que fazer da parede onde outrora pendurava quadros. Os mais bonitos nem eram meus, eram todos assinados por Emanuel.
E agora? O que faço? Colagem? Tem tanto papel no meu quarto que nem cabe.
Tem tanto tamanho em mim que ninguém sabe dizer se eu sou de maior, ou de menor. Ou deve ser a minha voz, ou deve ser o meu cabelo, ou as minhas roupas, essas coisas que reparam. O que me preocupa é a parede em branco.