domingo, 26 de julho de 2009

Uma carta pra ela

Ela gostava tanto de escrever carta, que eu acho que eu vou escrever uma carta pra ela.

Minha cara,
todo dia de manhã quando eu acordo, saúdo o sol, agradeço pela vida, lavo o rosto, olho bem nos meus olhos de pessoa cansada - além das olheiras há um quê de cansaço de tudo - aí então, penso nas possibilidades daquele dia. Quase sempre não tem nada. Mas é engraçado:eu acho tudo muito engraçado. Não sei, mora uma alegria dentro de mim. Não sei se a alegria em mim é a mesma alegria dos olhos da menina de suéter azul, cuja alegria tinha um ar de morte. Talvez agora minha alegria more onde estava o desespero dela.
Cortando esse papo, querida, o que eu queria mesmo dizer é que ter paciência e esperar é sempre um conselho bom, principalmente quando a gente se impressiona justamente porque enxerga as possibilidades de tudo.
Até quando a gente já esperou demais e foi tantas vezes urgente um toque ou uma palavra.
Até quando a gente se pergunta se agora ainda é muito cedo ou se vão ou não vão, pela primeira vez, deixar a gente ter aquilo que queria.

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