sábado, 1 de maio de 2010

Do que eu não posso.

Você que nem mesmo me escreve propriamente, e me aparecem só seus bilhetes. Você, que nem mesmo se mostra, aparece em detalhes, em sorrisos falsos e olhares mortos. Você, que é frio e tosco, estragado por dentro de tanto tempo que ficou esquecido numa geladeira cheia. Você, esperto quem não come. Você, que nem mesmo é um homem. Ora, prefiro considerá-lo um bicho, pois o senhor para mim é assim um bicho homem, que nem pernas tem. Homem-cobra, você se esgueira e rasteja. Você, eu não posso.
Agora que entrou na minha casa e fez o seu estrago, espero que se retire, seja como homem, ou assim mesmo, como cobra. Pode sair sem me agradecer e nem olhar pra trás, que esse é o seu estilo.
Sei que é o que você queria, ó, criatura indefinida, mas não recebo você. Não vou tomar nada do seu veneno bobo, que se eu soubesse que ao menos servisse pra me dopar um pouco, mas não, olha que esse seu veneno é tão inútil, que nem mal faz ou engorda. Se você tivesse pernas, seu rabo saía entre elas. Aproveite então a falta delas e só saia mesmo, que eu vou arrumar minha casa.

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