quarta-feira, 21 de abril de 2010

-Sabe, sonhei com uma coisa engraçada. Sonhei que eu era uma casa.

-É, uma casa. E todo dia de tardezinha vem uma senhora, coloca uma cadeira em frente e fica olhando o movimento. Há muito tempo que ela espera que algo ou alguém retorne e ela acredita que vai ser naquelas horas. Então ela senta lá e espera.

-É, mas não sei se ela mora lá. Dentro da casa tem uma garotinha, sabe? Ela, sei que mora lá. Chegou do colégio e ficou lá sozinha no quarto. Foi um dia difícil porque a professora perguntou algo, ela não sabia e caçoaram dela. Perto dela tem outra garotinha, mas essa é assim do tamanho de um carocinho de limão. E essa outra fala que vai ficar tudo bem.

-Se eu for mesmo essa casa, então faz sentido as minhas dores de cabeça: vai que estão trocando as telhas, né? E essas pessoas rodiando dentro de mim, ah, fazem efeito também né? Vai que alguém mexe na cozinha e eu tenho uma dor de barriga?

-Não, tô ficando doida não. Ei, ri de mim não. Ah, então tá. Fica aí rindo que eu vou aqui pegar meu ônibus. Tchau.

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