segunda-feira, 5 de abril de 2010

Uma mulher

Esse texto representa um evento "premonitório" de hoje.



Era decidida, simples e séria. Agora se confundia toda com esse homem choroso e sua sensibilidade.
Ele chorava em filme! Mas que tolice de invenção era essa?
Saiu procurando por suas lágrimas. Havia tanto trabalho a fazer: era a roupa para lavar, era para arear as panelas... Lembrou-se do armário: as roupas empilhadas e mal colocadas cairiam quando alguém abrisse a porta. As crianças precisavam dela.
Mas choro que é bom, nada.
À noite, trabalhava em hospital. Dos pacientes, não conhecia o nome. Preferia dizer que no 307 alguém havia vomitado.
Sentiu-se ferida. Usurparam-lhe o título de sexo frágil.
Resignada, pendeu a cabeça, riu sozinha, e só para ela:
- Quem sabe não mando flores?

Um comentário: